segunda-feira, 2 de abril de 2007

E eu perguntei "queres cair outra vez?", e ela, lavada em lágrimas, abanou a cabeça em sinal positivo.
Sentada no vão de umas escadas, numa rua escura e sem nome, disse que sim.
E já não era o vinho que falava, era a vontade violenta de abandonar a apatia extrema que a consumia.
O brilho nos olhos não era sinal de acreditar, era a lágrima que queria cair, mas não caía.
E quando lhe deram a mão para ela se levantar daquele vão de escadas, na rua sem nome, ela soube que não iria ter vontade nem força para se deixar ir ou sequer para fazer o gesto de sacudir algo que incomoda.
O "cair outra vez" é já tão mecânico.

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